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IMPLANTAÇÃO DO GRUPO PET QUÍMICA

          O grupo PET Química da Unesp/CAr foi implantado em Setembro de 1996 sob a tutoria do Prof. Dr. Luiz Antônio Andrade de Oliveira, docente do departamento de Química Geral e Inorgânica. Em suas próprias palavras "...o PET para mim é formar e desenvolver o lado humanístico do Universitário que participa do grupo. É formar alguém com formação mais ampla ... não somente no cientifico, mas também pensar na ética do conhecimento, aprender a trabalhar em grupo... o PET seria uma forma de devolver para sociedade aquilo que nem todos podem estar vivenciando. O Pet amplia os horizontes, você cresce no grupo, e isso me ajuda muito hoje em dia, conviver com pessoas de origens, lugares e culturas diferentes, você aprende a respeitar e aprende muito."

          Temos, a seguir, um trecho de uma entrevista realizada em 2015 com o próprio professor que nos ajuda muito a entender como foi a implantação e o funcionamento do grupo no início desses 20 anos (é isso mesmo VINTE ANOS, e você, calouro de 17/18 anos, que achava que tinha história para contar), agradecimentos especiais ao Pedro e ao Leonardo (ex-membros do grupo) pela participação, sem vocês esse texto não estaria aqui.

 

 

          O PET Química surgiu a partir de uma ideia pré-existente, considerando o trabalho que já existia no Centro de Ciência com alunos, com atividades que eram desenvolvidas pela profª Marisa da Economia. Então o professor Cristo, que era o diretor da época, lançou o edital, pois o Instituto possuía todas as características necessárias para abrigar esse grupo. Ele procurou a mim e a professora Olga, pois tínhamos uma atuação mais ou menos parecida com a ideia inicial do que seria o Grupo PET. A partir disso, nós  organizamos com a ajuda da professora Marisa toda a orientação de como fazer o encaminhamento segundo o Edital, que era um edital na época coordenado pela CAPES.  Os Grupos PET  eram voltados mais para as Universidades Federais,  entretanto nós propusemos e foi aceito, sendo implantado em Setembro de 1996."

Quantos ingressantes tinham na época? Os primeiros projetos realizados pelo PET?

         "O primeiro grupo eram somente 6 pessoas, pois começamos no meio do ano e eram 6 pessoas adicionadas por semestre, o grupo Pet começou em Setembro e era ligado ao curso de bacharelado. As ideias iniciais eram fazer leituras complementares, discussões, trabalhos de iniciação, projetos tanto internos quanto externos. Assim  que foi implantado, como já  existia o PET Farmácia e Economia, houve a seleção com entrevistas, com auxilio do prof º Miguel da FCl que era ligado a psicologia, foi selecionado o primeiro grupo e começamos a trabalhar. Uma das primeiras ideias seria realizar trabalhos em conjunto com os outros grupos PET. Começamos a realizar atividades que divulgassem a cultura e a ciência, filmes que abordassem questões éticas, eram as sessões de cinema comentadas.

 

          O PET possui um nome que é infeliz em inglês, pois significa bicho de estimação, ficava com um estigma negativo, pois alguns alunos da época se achavam melhores, somente por fazer parte do grupo, o que gerou conflitos, pois outros alunos gostariam de fazer parte, mas existia um número limitado. E alguns alunos tinham essa postura de se sentirem superiores aos outros, mas essa postura foi combatida rapidamente, pois a ideia do grupo era unir as pessoas por meio de atividades em grupo e não criar um grupo com posições privilegiadas. Eu não lembro como foi realizado o processo de inclusão da licenciatura.

          Havia um conflito do PET com a iniciação científica, pois diziam que a iniciação era mais focada e tinha bolsa.

          Antigamente se os bolsistas tivessem uma reprovação perdiam a bolsa. Era meio traumático, pois alguns alunos ficavam bem abalados. Um grande problema da época é que existiam  alguns alunos que carregavam o grupo e alguns não eram tão ligados. Outro problema era como inovar? A CAPES começou a exigir mais trabalho do grupo,  e os tutores passaram a ter uma limitação de tempo para permanecer no grupo, eu sai do PET entre 2001 e 2002.

         Durante o  governo da época, foi realizado um levantamento para mostrar que o PET não funcionava, mas os resultados foram positivos e os grupos se mantêm vivos até hoje. Foi um período difícil mais sobreviveu, mas alguns PETS acabaram se extinguindo."

A entrevista:

 

Como foi trazer o PET para o Instituto de Química? Quais dificuldades  foram enfrentadas?

            "O criador do PET foi Claudio de Moura Castro, que era da área de humanas e  queria  criar um grupo de excelência  baseado em influências de contatos que  obteve no exterior, com a ideia de formar Universitários com uma ampla visão cultural.

          O Governo Brasileiro  mudou naquela época e houve o questionamento se deveriam ou não extinguir o PET, pois o próprio criador do PET, disse que a ideia inicial era criar uma elite de pesquisa e excelência, entretanto alegou  que haviam desvirtuado a ideia inicial idealizada por ele. Houve um tempo em que as bolsas dos tutores e petianos foram cortadas, mas estes continuaram tocando os grupos mesmo sem  as bolsas, pois a Capes não possuía verba, caso não tivéssemos continuado, o programa teria morrido. Hoje o PET está sendo coordenado pelo MEC.

        

            Eram fornecidas palestras fora da Universidade e incentivar as pesquisas científicas também era uma importante tarefa desenvolvida pelo grupo. Entretanto, a UNESP sempre teve um dinamismo próprio, por exemplo,  a UNESP já oferecia palestras em escolas antes do PET e a iniciação científica já existia como parte da estrutura curricular, então começaram a existir algumas dificuldades, por exemplo, como a iniciação cientifica era realizada pelo PET nas Universidades Federais, surgiu o problema de qual seria o nicho do PET na UNESP!?.

        A partir disso começamos a aproximar o PET da sociedade, com projetos como a Semana na Universidade, que o PET Farmácia já realizava. Entretanto, não dava muito certo trazer os alunos durante uma semana, as respostas das escolas eram complicadas, e a  semana virou dia. Tinha o PET da praça, que era realizado por todos os grupos PET de Araraquara, onde eram montadas barracas na Praça Santa Cruz, participavam o pessoal da farmácia, química e letras. E foi implantado o jornalzinho de divulgação do PET que posteriormente viria a se tornar o Refluxo. Existiu muito trabalho em conjunto entre os grupos PET, mas, com o tempo, cada um passou a realizar suas atividades um pouco separadamente.

           Surgiram mais alguns problemas, por exemplo, os alunos que faziam parte do PET eram os que possuíam os melhores históricos, ou seja, os mesmos alunos que eram procurados para fazer iniciação científica.

             O Governo Federal chegou a pensar em extinguir o PET, na época ele era restrito somente ao bacharelado, mas nós começamos a observar que ele também seria adequado à licenciatura, pois, naquela época, ainda não existia o Pibid. A primeira aluna da licenciatura a fazer parte do PET na época foi a Marinalva, que hoje em dia já é doutora. Nós conseguimos incluir os alunos da licenciatura, entretanto a resposta não foi tão grande como o esperado, mas pelo menos incluímos. Assim ficou aberta a possibilidade de ter alunos da licenciatura, porque senão naquela época teríamos que criar outro PET licenciatura e não dava para fazer isso, nem tínhamos infraestrutura.

       

 

 

Professor, você acha que a atuação do Pet hoje em dia é melhor do que sua idéia original ?

           Pedro: "A meu ver o PET hoje em dia não é mais para formar uma elite de pesquisa. Hoje é para formar pessoas com uma melhor forma de senso crítico."

          Profº Luís Antônio: "A ideia do PET sempre foi um pouco disso, mas o PET para mim é formar e desenvolver o lado humanístico do Universitário que participa do grupo. É formar alguém com formação mais ampla, que pense não somente no cientifico, mas também na ética do conhecimento, aprender a trabalhar em grupo. Pois o aluno de uma instituição pública é privilegiado, pois todos pagam impostos e nem todos estão dentro da Universidade, então o PET seria uma forma de devolver pra sociedade aquilo que nem todos podem estar vivenciando. O Pet amplia os horizontes, você cresce no grupo, e isso me ajuda muito hoje em dia, conviver com pessoas de origens, lugares e culturas diferentes, você aprende a respeitar e aprende muito."

          Obs.: Alguns trechos da entrevista original foram editados para adequá-la aos dias atuais e aos objetivos iniciais de sua publicação. Para você que chegou até aqui, nosso Muito Obrigado, PET Química.

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